A forma é a linguagem de André Mendes para construir pouco a pouco um mundo em constante transformação. A forma é a pesquisa, o objetivo, o projeto, sua maneira de pensar. Ao mesmo tempo, ela permanece inalcançável, pois nunca tem fim. No início, o desenho foi o meio escolhido pelo artista para materializar suas realidades invisíveis. Mas mesmo com traço livre, o domínio do bidimensional não foi suficiente: pouco tempo depois, as linhas se desfizeram e os cantos da tela se abriram. Com mais cor, corpo e liberdade, as formas de André Mendes ganharam o espaço, se espalhando entre murais, preenchendo lugares com esculturas improváveis, equilibrando instalações que se tramam ao espaço em provocação. Percebe-se que, nos seus quase vinte anos de produção, cada trabalho de Mendes é como um desafio: até onde a forma vai, como pode existir e resistir? Para responder, não é tímido nos materiais e na manipulação, da tinta na tela aos infláveis que modificam espaços. O óleo tem sido a escolha da vez, criando elementos orgânicos com aspecto de sonho, marcando uma passagem do físico para o metafísico. No futuro, quem sabe? Somente o processo – que para o artista mais importa – é que pode vai mostrar os caminhos e mostrar o imprevisível.